sexta-feira, 17 de julho de 2009

Redes, Profetas e Gerentes


O que são Redes Sociais?

Definições não faltam. Experimente buscar no Google ou Wikipedia o um único conceito de rede social e verá que entre muitas, você pode concordar com mais de uma delas.

Uma rede social pode vir de plataformas digitais – Orkut, Facebook, Linkedin – ou ter seu formato mais orgânico – Família, Bairro, Condomínio. E, em qualquer uma dessas “plataformas”, sempre haverá o que podemos classificar como “profeta” e “gerente”.

Vamos ver a plataforma “Família” como exemplo:

Em uma família, independente do tamanho de seus componentes, sempre existe um ou mais indivíduos que vão gerenciar o rumo daquela “rede”. Sempre haverá alguém que dirá: “Nossa família seguira um modelo X ou Y... não será permitido este ou aquele comportamento dentro dos membros de nossa família”. Sendo assim, o conjunto de regras para a utilização daquela “rede social” vai se construindo.

Da mesma forma, existem “profetas familiares” que dirão o que este ou aquele indivíduo fará baseado em seu passado ou com olhar em seu “futuro”. Quase sempre, esses indivíduos são considerados experientes... Mas nem sempre o que é profetizado ocorre.

Isso ocorre por que a experiência, a vivência em rede, é uma ocorrência individual, única e por melhor documentada que esteja, ainda assim é exclusiva para um indivíduo. É como passar nossa experiência “de pai para filho”. Não necessariamente o que me fez bem, fará a meu filho ou a outro indivíduo qualquer. Mas a regra diz claramente que minha experiência deve ser compartilhada, experimentada, vivenciada e documentada. Em lugar nenhum está escrito que será uma Verdade Absoluta.

Tanto os Profetas, quanto os Gerentes de Redes sociais se esquecem do fator de apropriação tecnológica que é exclusiva, é individual, é única embora possa ser compartilhada, consultada, afiliada. Por isso, na internet, o numero de profetas e gerentes tende a crescer, assim como em uma família unida – ou não – onde uns zelam pelos outros ou pela própria unidade familiar – a Rede em si.

Uma rede social pode ter múltiplos objetivos, sem que os participantes sequer percebam. Objetivos estes oriundos de cada participante. Ao mesmo tempo, essa mesma rede pode ter um objetivo pré-acordado entre seus componentes e ainda assim, por mais esquizofrênico que isso possa parecer, o objetivo final, uma vez alcançado, surtirá efeitos completamente diferentes em cada indivíduo daquela rede.

Tudo isso ao mesmo tempo significa que:

Gerentes e profetas têm seu grau de importância, mas estes não são a verdade absoluta.

As redes são organismos vivos, imprevisíveis, mutáveis, inconstantes e assim sendo, não há como determinar seu inicio, meio e fim, assim como seu propósito absoluto ou seu objetivo real.

Uma boa rede deve ser simplesmente vivida, deve ser observada, deve ser coletiva, aberta, mas ao mesmo tempo respeitada com costumes, tradições, objetivos e realizações. A força de uma rede vem da multiplicidade individual de seus componentes, da forma com que lidam com seus pares e seus adversos. Como cada um, dentro daquele grupo, respeita e recebe a diferença do outro, sem a necessidade de arbitragem entre ou contra outras redes.

Como uma família, com seus costumes, métodos, objetivos e regras, sempre existirá um gerente para tentar formatar da melhor forma possível aquela convivência e sempre haverá um profeta que dirá pra onde vão, ou o que acontecerá, mas, famílias não se intrometem em outras famílias através de imposições, mas sim de conversas e aceites. Entre observações e tolerâncias. Elas não devem competir em seus “modelos”.

Vivenciar uma Rede Social é perceber que assim como as redes orgânicas, podemos tentar dirigir e profetizar, mas o nascimento de cada indivíduo é único, imprevisível, incontrolável e o grande segredo é como iremos nos aproveitar e acolher aquilo que não podemos dirigir e não podemos profetizar suas decisões e como essa diferença nos fará mais forte e inteligente.