segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sonhos Virtuais em barreiras de Carbono

Segunda-feira, 25 de Agosto, 2008.

A internet ainda não está ao alcance de todos. As redes alternativas, promessas de inclusão, não passam de sonhos distantes. Os valores pela conexão, a idéia de provedores, impedem as construções sociais virtuais e passam a ser ideologias jogadas ao vento, onde poucos abraçam, mas muitos ainda se incomodam por dividir sua banda larga...

No meu netvibes, uma chamada vibrante, como essas de xampu, que prometem uma vida melhor, ou propagandas de cerveja, onde tudo é sempre tão bonito tão festivo e lúdico. E a lei seca não emplaca, ou melhor, até funciona, mas somente através da metodologia do medo. Medo sim, por que as regras têm que ser absurdamente duras para que o carbono possa respeitar seu par. Isso é tão inacreditável e ao mesmo tempo tão triste. Só para se ter uma idéia, levo em média 45 minutos para chegar ao trabalho, saindo de minha casa, ali na Angélica. Entro no ônibus e venho acompanhando as notícias do transito e só desligo o rádio, quando salto na USP, onde trabalho. Hoje vim contando quantos acidentes envolvendo motoqueiros aconteceram. Fácil - 6 motoqueiros estirados no chão... E o que ouço na boca de muitos? "Moto é uma coisa perigosa". Perigoso é a falta de compaixão entre os pares de carbono.

Mas, transito caótico à parte, o anúncio prometia transforma Banda Larga em Serviço Público. Eu, em minha ignorância (talvez inocência), cheguei até a pensar "Opa, teremos banda larga como esgoto, luz, ônibus..." Que nada.

Mal li a reportagem para perceber se tratava de mais e mais impostos, sobre um serviço privado que já não é, nem de longe, um dos mais baratos. Peguei-me pessimista pensando no Brasil, em nossa estranha e complexa mentalidade. O universo virtual vem se expandindo a alguns anos, com algumas poucas promessas de extinção e muitas promessas de solução. Para utilizar a internet, o Brasil cobra taxas exorbitantes (ou permite as operadoras a cobrarem), para utilizarmos um bem comum a todos os seres do planeta. Por outro lado, a Água, também um bem comum da humanidade, que está cientificamente comprovado que irá se esgotar tem para nós, uma das taxas mais baratas do serviço público. Não consigo, simplesmente, compreender essa administração social.

Moro num prédio com quatro apartamentos por andar. Pago uma salgada Banda Larga da Telefônica de 4mb e distribuo num roteador livre de senhas de acesso. Qualquer um pode ir até meu andar pelo menos, e acessar a internet. Pago por que, por hora, tenho condições. Quando não tiver, não pagarei. Espero ter onde acessar. E assim segue.

O que me impressiona é saber que sou um dos poucos a ter essa consciência. Meus amigos dizem coisas como "sua internet ficará lenta" ou "as pessoas não vão pagar por que usam a sua". Discordo totalmente. Se todos usarem, logo ficará lenta (mais do que já é) e as pessoas tendem a migrar pra onde é melhor. Como estudo de caso, surgiu mais redes no meu prédio. Não tenho como comprovar, mas gosto de pensar que foi a "amostra grátis" do apartamento 114 que fez com que tivéssemos mais adeptos.

Isso é uma coisa que gostaria que mudasse. Mas não creio que, a longo prazo irá. Pena, gosto deste planetinha.

1 Comment:

Anônimo said...

Por que nao:)