quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hipocrisia Digital (parte 2)

Comparativamente, me peguei pensando o seguinte:

O amigo comenta:

Cara, hoje aconteceu uma coisa estranha sabe? Encontrei uma amiga que não via a muito tempo, anos na verdade. Ela estudou comigo, crescemos juntos, e depois da faculdade, perdemos contato. Aproveitamos a ocasião e o horário e fomos tomar umas cervejas. Ela me contou sobre a vida, como estavam as coisas e até mesmo me pediu conselhos sobre como lidar com sua filha pequena de 8 anos (que me mostrara uma linda foto dela na piscina de casa). Fiquei muito feliz com isso, e arrepiado até. Afinal, quais as chances disso acontecer, não é mesmo?

O outro responde:

Pôxa, incrível essas coisas não é mesmo? As vezes, a gente marca as pessoas de formas que não imaginava, com palavras simples, com pequenos gestos. Recordar é sempre saudável. E então ela se casou? Já está na hora de você se casar também não? E ela tem uma filha pequena? É engraçado como os pais sempre carregam uma foto de seus filhos para mostrar para os amigos não é mesmo?

Agora, imagine esta cena:

O amigo, para por cima do ombro do outro, que está navegando pelo Orkut, quando para em um perfil de uma jovem de seus 30 anos. Percebe rapidamente que eles (Amigo e Perfil) moram na mesma cidade. Enquanto observa pelo ombro do amigo, vê que ele navega por comunidades que eles tem em comum – formando de administração de 2001 da Unicéfalo - entre outras coisas. Ele para e pensa: “Será que ele está afim dela? Por que será que entrou no perfil dela? Está em tempo dele se casar... estaria procurando uma mulher mais “madura”? E quando finalmente seu amigo começa a ver as fotos e descobre aquela foto de uma menininha de 8 anos, na piscina, ele interrompe e diz: “Amigo, não sei quem é essa gostosona que você estava flertando com, mas cuidado, não deve ser boa pessoa, afinal, é casada, ninguém casado deixa o perfil aberto e essa foto de criança em traje de banho? Pedofilia é crime...


É triste, mas é verdade. No mundo real, o pecado é bem mais difícil, e depois de certo tempo, muita gente nem quer, já na internet, até scrap significa que você está traindo sua mulher... Alias, você ai, lendo este post, é casado ou solteiro? Homem ou mulher? Já aviso que sou casado, hetero, compromissado, e melhor não deixar comentários, ou minha patroa vai me abandonar.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hipocrisia Digital (parte 1)

A troca de valores no mundo digital é algo que não podemos ignorar. Muitas vezes, ficamos chocados quando ouvimos dizer que as pessoas “mentem em seus perfis” em redes sociais, achamos que elas fazem “mal uso” da internet, por perderem horas a fio em bate-papos e comunicadores instantâneos, e completamente estarrecidos, quando adolescentes gastão dinheiro REAL comprado itens e acessórios virtuais para jogos online e comunidades.

Antigamente, se dizia:

Filho, não fale com estranhos. - Não fique encarando as pessoas. - Tenha sua própria opinião. - Não imite ou repita o que as pessoas dizem.

Hoje na internet, o cenário pode ser visto ao contrário:

Nos sites de relacionamentos, comunidades, fóruns, as pessoas procuram quem tem mais “estrelinhas”, mais “seguidores”, e automaticamente passam a adiciona-las como amigos.

Comentam suas conversas como se fossem amigos íntimos, que cresceram juntos. Entram em discussões entre seus “novos amigos de infância” com outros “futuros grandes amigos ilustres” e já vão colocando o dedão na cara e dizendo coisas como: “Fulano de tal” (ilustre celebridade) jamais faria isso. Sempre acompanhei a vida dele por aqui (fórum, comunidade ou perfil) e sei muito bem quem ele é...”

A opinião é tão volátil quanto o numero de seguidores que se tem – Hoje, posso defender a bandeira do “software livre” de peito aberto, gritando aos 4 cantos, afinal tudo depende de quem ou quantos) está (ão) me olhando. Mas, se surgir uma vaguinha milionária na Microsoft, ou ganhar aquele Notebook HP lindão (que já vem com todos aqueles softwares proprietários malignos) que eu sempre quis e ninguém estiver olhando... é, tenho que admitir que o bom e velho pacote Office quando instaladinho completo, é muito bom mesmo...

Lembra daquela brincadeira CHATA pra caramba que a gente fazia quando pequenos pra irritar alguém, meramente por que era divertido? Aquela de repetir IGUALZINHO qualquer coisa que alguém dizia ou fazia, tipo uma cópia ou um espelho? Então, hoje, na internet, o nome desse jogo é “Brincar de RSS”. Ou seja, você pode montar uma página, um blog, um fórum ou uma comunidade e simplesmente “prestar este serviço” de repetir, copiar o que outras pessoas (seus amigos ilustres, por exemplo ou outras celebridades”) escreveram e pronto! Ali está um blog digno de ser comentado.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A necessidade da educação moderna

Então,

Ontem, conversando com uma professora de português da rede estadual de São Paulo:

Profª - Não aguento mais! Se aquelas professoras me pedirem o selo e o envelope mais uma vez, vou até a secretaria reclamar.

Eu - Nossa, mas por que elas querem isso?

Profª - Para fazer uma atividade educativa.

Eu - Como assim?

Profª - A, ensinar o que é destinatário, o que é remetente e colocar a cartinha no correio...

Pausa - Atividades extras, educacionais, que saem do padrão livro/caderno são sempre bem-vindas então, palmas para a iniciativa!

Eu - Mas, correio? carta? quem vai ao correio colocar cartas? (pensei: "por que não ensinar o que é Cc e Bcc?")

Profª - Ah, é mais pra ver se eles sabem "escrever"... sei lá.

Pausa - na 3ª série? eu tenho que checar se eles sabem ESCREVER o próprio nome e um endereço? na 3ª série???

Eu - É, por ai se vê que a "escola pública" está extremamente preparada para ensinar e a perceber o ambiente em que as crianças DE HOJE se encontram né?

Profª - (olha misto de vergonha e compreensão).

Fim de papo...

Ontem também só foi possível esse papo por que, gripado como estou, fiquei em casa a base de canjas, remédios, cobertores e afins, pra ver se melhorava... MAS, como trabalho com tecnologia, dentro do Maior Programa de Inclusão Digital do estado de São Paulo, pensei:

"Se me mantiver conectado, posso conversar com meus colegas de trabalho e ir dando andamento em tudo que for possível a distância, e vamos nos falando - temos Gmail, Gtalk, Skype, MSN, telefone, etc."

Ledo engano. Essas pessoas que estão comigo hoje, também foram educadas pelo mesmo modelo de ensino que não é capaz de observar o próprio ambiente que o cerca, tirar proveitos, absorver o que se tem de melhor e entender as vicissitudes da vida moderna. As pessoas que trabalham no maior centro de processamento de dados do estado, por exemplo, se conectam umas as outras através de um sistema de correio eletrônico fechado (lotus notes), tem suas conexão fechadas por firewalls - afinal, msn, youtube, jogos, tiram a produtividade - não conseguem absorver ou compartilhar, muito menos se aproveitar de ferramentas comuns, à não ser aquelas dispostas pela empresa.

Não vou estranhar absolutamente nada, se ainda hoje alguém me disser: "É, ontem você não trabalhou... ficou em casa só reclamando." Ou seja, até mesmo onde trabalhamos, o problema do analfabetismo FUNCIONAL é muito mais complexo e real do que imaginamos.

É preciso com urgência a adoção de modelos de trabalho, educação, colaboração e construção mais atentos ao universo em que se está agora. É necessário que as pessoas compreendam suas funções, seus objetivos e seus locais de trabalho, que realizem que estamos a um passo de uma vida com mais qualidade mas as amarras do corporativismo arcáico, do terno e gravata preto e camisa branca, hoje, são nossos maiores inimigos.

Tive vergonha de trabalhar com I.D. e perceber que vendemos a idéia de oportunidades de crescimento, de praticidade e não praticamos...


E você ai que está lendo... quando foi a sua ultima ida ao correio?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Influência física na internet

Engraçado como até mesmo as pessoas mais "esclarecidas" sobre internet, multimeios, comunicação digital e afins ainda cometem alguns erros... algumas gafes, ou simplesmente ainda tratam o assunto como se estivéssemos no carbono.

Sabe, pessoas hoje tem blog, colunas digitais, participam de fóruns, escrevem pequenas postagens ou colunas para outros blogueiros, ou revistas, sites de blogs corporativos ou esses novos flolhetins digitais, que na verdade nada mais são que blogs colaborativos sobre este ou aquele assunto. A crista da onda agora é "twittar" em programas de tv, durante suas transmissões ao vivo, para aqueles que gostam de acompanhar pela internet, estão sem acesso ao programa ou simplesmente para alcançar ainda mais público. Acho isso muuuuuito bacana mesmo.

Mas o engraçado é que, na internet, quando vc "twitta" algo assim ou bloga ou posta comentários, bom, é pra milhares de pessoas. Você não tem nenhum tipo de controle sobre quem vai ler, quem vai acessar. Claro que existem ferramentas e meios de controle, mas ai, você perde a credibilidade, perde o sentido do coletivo, do multiplo e do mais incrível - do inesperado.

Assim sendo, voltando ao título do post de hoje:

Um cara que eu tenho um considerável respeito sobre o assunto, com o qual aprendi e ainda aprendo muito, vai participar de um destes, vai "twittar" durante a transmissão de um programa de tv de entrevistas. O curioso é que, numa brincadeira, pelo próprio twitter, ele interveio através do gtalk, para chamar minha atenção no tocante a ser mais formal com a pessoa dele. Com medo de ter sua reputação manchada, ou ferida, sei lá eu. Dai eu pergunto: Se ele vai "twittar" pra uma galera ANIMAL, será que ele vai fazer um recorte apenas dos comentários "agradáveis" que fizerem a pessoa dele pra "colocar no curriculo" depois?

Sabe, adoro a internet - tem gente que fala de tudo, de TODAS as formas; alguns são rudes, outros leigos, outros formais, científicos, desabafos, piadistas, mal-humorados, otimistas, enfim... por ai vai.

Sabe? Senti como se ainda estivéssemos em uma ilhotinha, onde você usa da influencia pra calar as pessoas... às vezes isso me assuta. Não quando vem dos ignorantes, ou das pessoas com influências de poder, governos e afins, mas quando vem daqueles que acreditamos serem portadores do conhecimento, aqueles com quem aprendemos...