segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Natureza Digital e a REAL ameaça da Internet

É bastante comum encontrarmos matérias em jornais e revistas alertando pais, professores e até mesmo usuários sobre os perigos encontrados na internet. Não entrando, obviamente no mérito destas, quando alertando para ataques de segurança, consumo energético ou ergonomia ao utilizar, mas vamos para as temáticas mais, digamos, polêmicas:

Na internet o jovem se expões demais; Pessoas utilizam perfis falsos para alcançar objetivos ilícitos ou imorais; Colegas utilizam a internet para a prática do Cyberbulling; Praticas gerais de condutas “imorais” e “expositivas de terceiros”... e por ai vai.

Isso nunca foi, nem será novidade, dentro do universo digital ou no próprio convívio do carbono. As pessoas se sentem completamente escandalizadas quando, na internet, a filha de alguém ou um jovem qualquer tem suas fotos expostas de forma extremamente viral.

As pessoas escrevem seus perfis colocando tantos dados reais que não me estranharia em nada um usuário qualquer colocar telefone, rg, cpf e afins.

Dentro das escolas, os alunos ameaçam não só outros alunos, mas professores, diretores e demais funcionários.

As pessoas continuam a praticar o “ilegal” e o “imoral” em qualquer parte do planeta.

O ponto em questão é que a internet é utilizada por milhares e milhares de pessoas. Desta forma, tudo o que ali acontece, parece ter um peso moral muito maior. É exigido das empresas “.com” éticas que a própria sociedade não consegue seguir.

Exemplos:

O usuário que se expõe na internet é o mesmo jovem predisposto a abrir a porta para um entregador de flores ou qualquer outro tipo de conduta de risco que possa, futuramente, lhe trazer consequências desagradáveis dada a má intenção de terceiros;

É por demais comum pessoas mentirem em currículos, entrevistas, encontros pessoais, negociações e inter-relações que gerem qualquer forma de lucro – seja monetário, afetivo ou social – para uma das partes envolvidas;

Todos os dias, os jornais tentam em vão, noticiar casos de espancamentos de jovens por “diversão”, ameaças a funcionários de instituições de ensino – seja privada ou pública – casos de assédio em trabalho, igreja, comunidades em geral;

Sempre existe alguém comentando ou divulgando – seja prazer, negócio ou má intenção – práticas sexuais ou eróticas, sem consentimento ou por vingança, mágoa, ressentimento ou qualquer outro tipo de sentimento negativo.


E assim é a realidade, desde muito antes da invenção da internet, então, por que o universo virtual é tido por muitos como o grande poço de maldade? Por que a internet é vista por outros tantos, como a causadora de “novos males modernos” se eles nada mais são do que re-apresentações, o famoso “mais do mesmo”, de antigas falhas sociais que sempre existiram?


Acredito que as pessoas hoje, assim como eu em diversas atitudes, estão tão saturadas das mesmas agressões, violências e impotências, que preferem banalizar o carbono, voltam os olhos para o virtual, e encaram tudo como novo.

Só se esquecem – ou se omitem – que a internet é uma virtualização de PESSOAS, e não um organismo vivo, consciente, independente e primordialmente mal. Este é o carbono e a internet não se trata de computadores, cabos, fios e imagens;

O universo virtual é carbono: Pixelado, Digitalizado, Empacotado e Transportado.

1 Comment:

Tia Duna said...

Concordo que essas atitudes online só refletem o usuário offline, porém a internet piora a situação justamente pelo que ela tem de bom.
O fácil acesso à informação também facilita a disseminação da discriminação e da difamação. Antes, os bad-boys da escola tiravam uma foto da gorda no banheiro e colocavam no mural, ou mostravam escondidos para os coleguinhas, os professores descobriam, destruiam-se as fotos e os filmes e, no máximo, a gordinha teria que mudar de escola para se livrar do assédio, e o trauma podia ser superado depois de algum tempo sem ser constantemente envergonhada.
Hoje, criam um perfil falso no orkut, o ex-namorado inconformado coloca fotos da ex em poses comprometedoras com seu nome completo e telefone. Não adianta ter esse perfil apagado porque outros já copiaram e refazem o perfil, que está disponível ao redor do mundo, ela é demitida, 5 anos depois o assunto volta à tona e ela volta a ser demitida, é reconhecida nas ruas e tem que desistir de seu diploma da USP e virar operadora de telemarketing sob pseudônimo para ser deixada em paz. Não adianta mudar de escola, nem de emprego, cidade, e é possível que nem em outro país ela se sinta à vontade. O online também pode acabar com a vida offline.
E a lei não acompanha esse processo.